Cadê o amor?
O
amor morreu! Ah, será? Sabemos que ainda vive em alguma página da literatura, da
internet, cenários de cinema, refrãos de música. Falo do amor entre homem e
mulher. Aquele feito pra casar, ter filhos. Existem outros, não? Afinal, os
gregos já consideravam os diversos amores: Eros, Fília, Ágape. Cada um com suas
particularidades. Contudo, o que me interessa falar é sobre o amor romântico.
Então, onde ele está? Nas ruas, supermercados, carros na avenida, janela de
apartamentos, academia, faculdade, trabalho? Onde se esconde? Onde?
Das
dezenas de vezes que nos apaixonamos durante a vida qual delas foi realmente
amor? Ah, você jurou amor durante a adolescência, disse que nunca mais deixaria
aquela pessoa que conheceu na faculdade, ficou encantada com o colega de
trabalho e acreditou enfim que tinha encontrado o amor eterno. Será? Quantas
pessoas por você passaram, deitaram em sua cama, dividiram sua mesa e o sofá da
sua sala? Quantas? Perdeu a conta?
Ah,
o amor é lindo! Sim! Antes de descobrir as manias do outro, tudo é belo. Antes
de se irritar com suas atitudes impensadas ou racionais demais. Antes de saber
que ele é cheio de defeitos e detesta os filmes de que você tanto gosta. É
lindo antes de a barriga crescer, dos cabelos caírem, do dinheiro minguar. É
lindo, principalmente, quando não há comprometimento. Quando você não precisa
abrir mão de certas coisas. Quando cada um vai pra sua casa depois de um
desentendimento que acaba gerando uma briga idiota.
O
amor morreu? Não. Ele vive. O que morreu foram os protagonistas desse
sentimento. Ninguém quer lutar para fazer valer a pena. É muito esforço
desprendido. Ninguém quer se doar, aceitar o outro como ele é. Ninguém quer
deixar suas vaidades de lado, seus desejos mesquinhos. Ninguém quer sofrer,
suportar a dor, esperar, ter paciência e compreensão. É como uma biblioteca
vazia. Os livros estão lá, e ninguém quer ter o trabalho de tira-los da estante
e se debruçar sobre suas páginas. O máximo que fazem é apreciar a capa, a
sinopse. O conteúdo fica sempre desconhecido, quando muito, superficial.
Quanto
trabalho que dá ler um livro? E quantos livros você já leu em sua vida? O amor
existe. Mas a biblioteca está vazia.